Quando somos partidos, não há como contar em quantos pedaços, as partes se espalham, somem, mudam, não se encaixam. Quando nos reconstruímos, é impossível deixar como estava antes, torna-se algo novo. Ainda sou eu, a mesma pessoa, mas diferente. Eu fui partida, destruída.

Eu não penso em destruir quem me destruiu — quero distância. Não quero saber se está bem, não desejo nada — nem bom, nem mal, apenas distância. Eu fui ao fundo do poço, olhei a morte nos olhos, renasci — é difícil renascer. Voltei a crer em Deus, confio na justiça Dele, Sua justiça é muito maior do que qualquer desejo de vingança que eu poderia ter, é maior que a minha justiça ou a justiça dos homens. Ele sabe de todas as coisas. Por isso, perdoei quem me destruiu e não penso mais nisso.

Não pense que foi fácil. Essa é a parte mais difícil da minha vida, e eu espero que nada supere, porque ainda sinto muito ódio. Ainda me pego fantasiando violências e vinganças — e nada seria tão cruel quanto a violência que me aplicaram —, mas fujo dessas ideias. Nada me acrescentaria, me destruiria ainda mais. É difícil, mas sei que o melhor pra mim é perdoar e seguir minha vida, desejar o bem pra mim e para os meus (ao invés de qualquer mal a qualquer um), só assim vou encontrar a paz e o amor que tanto busco, que mereço.

Perdoei. Perdoei sim, porque não cabe a mim a justiça. Mas Deus sabe de todas as coisas, sabe onde está quem me feriu, sabe de seu caminho. E quem me feriu pode achar que está livre sem consequências, mas a vida não é só essa, a justiça pode não ser tão imediata quanto o pecado, mas eu tenho certeza que há de acontecer.

Que você aprenda a lição antes que Deus precise lhe ensinar a ferro e fogo.

Que você, que precisa perdoar, consiga libertar seu coração e seguir sua vida, perdoando e confiando a Deus esse peso.